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Carta do vice-presidente foi vista pelo Planalto como um passo em direção ao rompimento com o governo |
No documento, de três páginas, Temer afirmou que ele sempre se colocou à disposição de Dilma e trabalhou para que o PMDB apoiasse a sua reeleição no passado. Ele lembrou que o partido só se manteve na chapa porque ele liderou o movimento pró-Dilma na convenção da sigla.
O vice também disse não concordar com o fato de Dilma ter escolhido o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), como interlocutor e responsável por indicar os nomes que vão compor a comissão especial que vai analisar o pedido de impeachment.
“Falar com o PMDB através do Picciani não é correto, já que Temer é o vice-presidente da República e presidente do partido”, disse um interlocutor do peemedebista.
Após vir a público parte do conteúdo da carta, a assessoria de imprensa do vice confirmou a existência do documento no Twitter. Em uma sequência de nove mensagens, a assessoria fala da questão da confiança, mas nega que ele tenha proposto rompimento com o governo.
“Ele rememorou fatos ocorridos nestes últimos cinco anos, mas somente sob a ótica do debate da confiança que deve permear a relação entre agentes públicos responsáveis pelo país”, diz o comunicado.
Nesta segunda-feira cedo, antes de um dos principais aliados de Temer, Eliseu Padilha, oficializar a sua demissão da Secretária de Avição Civil, Dilma tentou minimizar o desembarque do PMDB do governo e distanciamento entre ela e seu vice, voltando a repetir que sempre confiou em Temer. "Não só confio como sempre confiei", afirmou.
Por ser advogado, o Planalto chegou a cogitar que Temer poderia se envolver diretamente na defesa do mandato de Dilma. Entretanto, assim que foi deflagrado o processo de impeachment, na última quarta-feira, os dois tiveram apenas um rápido encontro e o vice descartou participar formalmente da defesa.
Auxiliares da presidente dizem reservadamente que a postura de Temer passa a imagem de que ele está conspirando para chegar ao poder. Aliados do vice, por sua vez, dizem que Dilma e os ministros do PT querem jogar toda a culpa nas costas do vice como se dessem um ultimato a ele.
Após a revelação da existência da carta, que deixou Temer "surpreso" e "irritado", o vice convocou uma reunião no Palácio do Jaburu com membros do PMDB. Dilma, que disse que queria conversar com o vice ainda nesta segunda, foi para o Alvorada, onde se reuniu com ministros do núcleo duro do seu governo. Aliados do peemedebista avisam que um encontro entre os dois, neste momento, "é difícil" e terá que ser "muito bem costurado".
Por Estadão
Por Estadão
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