quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Duarte Júnior deixa o PCdoB com aval de Flávio Dino para disputar a Prefeitura de São Luís

A decisão do deputado estadual Duarte Júnior de deixar o PCdoB e o gesto do governador Flávio Dino de liberá-lo sem risco de rebordosa ao seu mandato abriram caminho para que o partido e o parlamentar definam, enfim, os seus rumos na corrida à Prefeitura de São Luís. Duarte Júnior deixa a linha de fogo cruzado em que se encontrava na estranha condição de alvo preferencial de um implacável “fogo amigo”, para assumir de vez a condição de candidato irreversível a prefeito da Capital. O PCdoB, por seu turno, perde um dos   quadros mais promissores da nova geração, mas, ao mesmo tempo, se livra de uma pressão forte, podendo a partir de agora armar sem tensão o seu projeto para chegar, direta ou indiretamente, à Prefeitura de São Luís. E o detalhe mais interessante é que Duarte Júnior deixa o PCdoB com o aval do governador Flávio Dino, o que elimina a possibilidade de ele vir a tornar-se um adversário do Governo. A maneira cortês e fraterna com que Flávio Dino anunciou o desligamento de Duarte Júnior sinaliza com clareza que ele sai do partido, mas não sai do grupo. Tal situação ganha forma com a quase certeza de que o jovem parlamentar se filiará ao PRB, partido de base forte e que tem o vice-governador Carlos Brandão como principal referência.
A saída de Duarte Júnior do PCdoB foi decidida quando ele, embalado por uma eleição maiúscula para a Assembleia Legislativa, decidiu que seria candidato à sucessão do prefeito Edivaldo Holanda (PDT). Seus primeiros movimentos no parlamento foram marcados por polêmicas, mas logo ficou claro que a pancadaria contra ele pareceu ter “efeito fermento em massa de bolo”. As reações na base governista e no grupo mais forte do partido aos seus movimentos indicaram, desde logo, que a convivência com o parlamentar seria difícil. E isso ficou mais evidente quando o governador Flávio Dino convocou o deputado federal Rubens Júnior para assumir a Secretaria das Cidades, um claro indicativo de que ele seria o candidato do PCdoB.
Parecia que a ideia seria deixar que os dois medissem força para, no momento apropriado, avaliar quem teria cacife para liderar uma chapa do PCdoB. O que se seguiu, no entanto, foi a consolidação de dois perfis que tornavam inviável escolher entre ambos os candidatos do PCdoB. Duarte Júnior manteve a musculatura eleitoral conseguida na eleição para deputado, aparecendo entre os três melhor posicionados nas pesquisas eleitorais feitas até aqui, mas, por outro lado, revelou-se perigosamente inexperiente em matéria de articulação política, conseguindo a proeza do quase isolamento dentro da base governista. Por sua vez, numa situação rigorosamente inversa, Rubens Júnior, um jovem político de quatro mandatos com votações crescentes, apoiado fortemente dentro da base governista, vem tendo o seu projeto de candidatura atingido fortemente pela falta de suporte eleitoral, com fraco desempenho nas pesquisas. Essa situação ganhou a forma de impasse, porque o desligamento de Duarte Júnior não garante que Rubens Júnior deslanchará, principalmente em meio à repercussão da saída do primeiro do partido.
Nos últimos dias, ao mesmo tempo em que se intensificaram os rumores de que Duarte Júnior sairia do PCdoB, começaram a circular no meio político o “zunzum” segundo o qual Rubens Júnior estaria também desativando seu projeto de candidatura. Ontem, após o governador Flávio Dino ter informado sobre a saída de Duarte Júnior do PCdoB, chamou a atenção o fato de que nenhuma voz do partido ou do grupo ter se manifestado em favor da candidatura de Rubens Júnior, o que reforçou em muitos a impressão de que o partido comandado pelo deputado federal Márcio Jerry buscará uma terceira via.
Ao deixar o PCdoB – que, vale observar, nunca pareceu ser a sua praia ideológica -, o deputado Duarte Júnior está livre para entrar de vez na briga pelo Palácio de la Ravardière. Ele certamente já tem maturada a avaliação de que uma candidatura a prefeito de São Luís não tem futuro sem uma base política ampla, e o exemplo mais eloquente disso é que o deputado federal Eduardo Braide (Podemos), que as pesquisas apontam como líder disparado, está se movimentando intensamente em busca de um lastro político, exatamente por sabe que sem isso corre o risco de um isolamento fatal. Num partido mais flexível, como o PRB, o jovem deputado poderá mostrar que tem talento e competência para inflamar o potencial eleitoral e se tornar, de fato, um candidato competitivo. Isso porque já provou que tem de sobra um ingrediente essencial nesse jogo: ousadia.

Do Reporte do Tempo 

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