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Governador garante que o presidente será bem recebido quando vier visitar o Maranhão
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Mesmo continuando como crítico azedo das ações e atitudes do governo Jair Bolsonaro, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) disse que se o presidente da República resolver vir ao Maranhão “será bem tratado”. Bolsonaro tem inaugurações em São Luís e em Rosário, mas a data de fazê-las ainda não foi marcada. Inicialmente, seria em agosto. Ele vai inaugurar as reformas implantadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional nas Praças Deodoro, Panteon e Rua Osvaldo Cruz, principal centro comercial da capital maranhense.
Na agenda estaria previsto ainda a visita à cidade de Rosário para inaugurar um conjunto habitacional de três mil casas do Programa Minha Casa Minha Vida. E finalmente, Bolsonaro visitará o Centro de Lançamento de Alcântara, o qual será repassado ao controle da Nasa, pelo Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST), firmado por Bolsonaro e o governo dos Estados Unidos. O AST precisa apenas ser homologado pelo, pelo Congresso Brasileiro e o dos EUA.
Vale lembrar que em 2001, outro acordo nos mesmos termos, apenas com redação diferente, entre os dois países foi aprovado pelo Congresso, tendo como relator o deputado Hélio Costa (PMDB-MG). O projeto de decreto legislativo 296/2001, sofreu algumas ressalvas. Dizia que ficarão sujeitos à aprovação do Congresso Nacional quaisquer atos que alterem o referido texto, bem corno quaisquer ajustes complementares.
Acordo em obstrução
Agora, o relator do novo AST é o deputado maranhense Hildo Rocha (MDB), que o defende como objeto de desenvolvimento do Estado. Porém, deputados da oposição, como Bira do Pindaré (PSB) resolveram obstruir a votação, enquanto não houver uma definição clara sobre a preocupação com as 150 comunidades quilombolas que habitam Alcântara e o entorno do projeto da Base de Lançamentos.
Já Flávio Dino tem posição de apoio ao AST, desde que os quilombolas sejam beneficiados. Em entrevista, sexta-feira, a jornalista Mariana Barbosa, do site Congresso em Foco, o governador do PCdoB disse que se ele, (Bolsonaro) desejar e se houver condições de diálogo, ele participará dos atos oficiais do governo federal no Maranhão. “Eu vou. Não é porque ele não gosta de mim que vou deixar de cumprir o juramento que fiz de defender meu estado”, acrescentou, comentando a ausência do colega da Bahia, Rui Costa, na inauguração do Aeroporto de Vitória da Conquista.
Chamado de o “pior dos paraíbas” pelo presidente Jair Bolsonaro, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), acredita que o chefe do Executivo tem dado declarações polêmicas como essa apenas para ocupar a agenda pública com conflitos e, assim, esconder a falta de resultados do governo federal. Mesmo assim, disse estar pronto para o diálogo e para receber Bolsonaro no Maranhão.
Bem tratado recebido
“Se ele resolver visitar o Maranhão, se depender de mim, vai ser bem tratado e bem recebido”, garantiu Flávio Dino, dizendo que, ao contrário do governador da Bahia, Rui Costa (PT), também não hesitaria em cumprir uma agenda ao lado de Bolsonaro. “Se ele desejar e se houver condições de diálogo, eu vou. Não é porque ele não gosta de mim que vou deixar de cumprir o juramento que fiz de defender meu estado”, acrescentou.
O governador do Maranhão falou sobre a relação com o governo Bolsonaro durante passagem por Brasília, exatamente uma semana depois de o presidente dizer ao ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que “esses governadores de ‘paraíba”, o pior é o do Maranhão. Não tem que ter nada com esse cara”. Na ocasião, porém, garantiu que a viagem não foi motivada por essa declaração e revelou que ficou surpreso com a opinião de Bolsonaro sobre ele porque nunca nem sequer conversou com o presidente. “Nunca nos falamos pessoalmente a não ser em reuniões de governadores. A sós nunca. Os assuntos que temos para tratar são tratados nos ministérios e em reuniões gerais de governadores. Mas, se ele chamar uma reunião na próxima semana, eu estarei presente”, afirmou Dino.
Ao Congresso em Foco, Dino disse ainda que, a não ser sua filiação partidária e sua origem nordestina, não enxergava razões para o atrito com o presidente. Por isso, associou a fala de Bolsonaro à prática do governo de “criar conflitos” e “criar inimigos”. “Como o governo é muito fraco, tem poucos resultados a mostrar e não tem uma agenda própria de trabalho, acaba ocupando a agenda pública com esse tipo de conflito, perseguição e discriminação”, declarou Flávio Dino, afirmando que essa é uma atuação clássica das correntes de direita.
Bolsonaro é acusado de racismo por parlamentares do Nordeste e governadores cobram de Bolsonaro explicações de fala contra Região.
Há um cenário de guerra de todos contra todos, que o próprio presidente da República estimula, inclusive com os seus. Basta olhar o Joaquim Levy e os generais que ele trata tão mal como exemplo”, alfinetou Dino, que também colocou na lista de alvos de Bolsonaro “o Carnaval, os artistas, os cientistas, o Inpe, o Bebbiano, o Santos Cruz e a imprensa.
Por conta disso, o governador do Maranhão coloca os conflitos como principal característica dos seis primeiros meses do governo Bolsonaro.
O conjunto da obra até aqui do governo federal se restringe à confusão política e à reforma da Previdência que só foi aprovada em razão do Rodrigo Maia, apesar dos obstáculos que o próprio Bolsonaro colocou. Se eu fosse presidente da República ou mesmo governador do meu estado, ficaria muito constrangido de ter apenas isso em seis meses de governo: de um lado confusão e do outro a reforma que andou por causa do Maia, enquanto ele inaugura obra da Dilma e do Temer. É muito pouco, criticou.
Ainda sobre a atuação do governo federal, Flávio Dino revelou que o Executivo não tem destravado pleitos dos estados, tem apenas dado seguimento ao que já estava encaminhado pelas gestões anteriores. “Nós temos em execução contratos e convênios que foram celebrados no tempo da presidente Dilma e do presidente Temer. Até o momento, não tivemos nenhuma dificuldade com os ministérios quanto a isso. Mas em relação às pautas novas, há muita lentidão do governo federal em atendê-las. E isso não se refere especialmente ao Maranhão, mas aos estados como um todo. Há um travamento geral”, criticou Dino, para quem “o governo está muito lento naquilo que o Brasil precisa e tem urgência, que é a pauta social e o desemprego”.