O medo ainda é o sentimento mais comum de quem é usuário de transporte coletivo em São Luís. Um dia após a divulgação por O Estado de que já foram registrados 400 assaltos a coletivos na Ilha de São Luís neste ano (número superior ao registrado durante todo o ano passado, quando ocorreram 366 assaltos do tipo), pessoas que costumam utilizar este tipo de serviço temem ser novas vítimas da criminalidade.
Mesmo durante o dia, usuários se sentem inseguros. “Outro dia, enquanto descia de um coletivo, olhei um senhor na porta do ônibus sendo assaltado. Isto poderia ter sido comigo e você olhar um fato assim te passa uma insegurança sim, muito grande”, relatou a professora aposentada Tereza Marques, que esperava um coletivo no Centro.
Outras pessoas, cansadas de esperar por providências do poder público, decidiram por conta própria, tomar medidas de precaução. “ Antes, eu saia de casa com jóias. Atualmente, saio no máximo com a bolsa e o celular, não somente por medo de me deslocar pelo Centro, ou na hora em que espero por um ônibus ou mesmo quando estou dentro dele”, disse a estudante Naara Santos.
O operador de Telemarketing, Danilo Duarte, que utiliza transporte coletivo diariamente, prefere acreditar nas crenças religiosas do que eficiência do poder público. “A gente se apega com Deus, que é o único neste momento que pode nos proteger”, afirmou. O sentimento de proteção divina durante o trajeto feito em um coletivo é compartilhado por outras pessoas. “Só mesmo Deus para nos livrar de qualquer mal”, afirmou a voluntária Terezinha Silva, moradora do João de Deus.
Rodoviários - Além dos usuários, os motoristas e cobradores de ônibus que trafegam em determinadas linhas da capital maranhense também já foram assaltados durante a jornada de trabalho. “Uma vez, quando trabalhava na linha da Liberdade, uns caras entraram e quando vi, um deles já estava com a faca na altura da minha barriga, pronto para fazer qualquer mal. Depois desceram e, quando fui à delegacia para prestar ocorrência, simplesmente os policiais de plantão disseram, quando descrevi os caras, que se tratavam de pessoas conhecidas. Quer dizer, o que faziam então soltos naquele momento?”, indagou o motorista Wilton Louzeiro, motorista da empresa Primor, da linha Fé em Deus.
O Sindicato dos Rodoviários do Maranhão informou que a categoria permanece em estado de greve e poderá parar as atividades a qualquer momento. De acordo com a direção do Sindicato, até o momento, a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP) ainda não apresentou, de forma prática, soluções para combater os assaltos a coletivos na cidade.
Em nota enviada à Redação de O Estado na segunda-feira, a Polícia Militar do Maranhão informou que tem intensificado o patrulhamento para inibir assaltos a ônibus na Região Metropolitana de São Luís e atuado nos terminais de integração da Cohab, São Cristóvão, Praia Grande e Cohama, com a Operação Terminal Seguro. Outras ações como as Operações Catraca, Saturação e Corredor de Segurança, são realizadas na cidade. A PM informou ainda que tem mapeado os horários, itinerários e locais de circulação dos coletivos para coibir assaltos e outras práticas delituosas.
Enquete - “Tenho medo sim de ser assaltada quando pego ônibus. A gente vê tanta coisa na televisão que não tem como não sentir medo”, Claudina Cardoso – dona de casa (Claudina de Jesus)
“Antes, eu saia de casa com jóias. Atualmente saio no máximo com a minha bolsa e com o celular” , Naara Santos, estudante (Naara de Jesus)
“ Uma vez, quando trabalhava na linha da Liberdade, homens entraram e quando vi, um deles já estava com a faca na altura da minha barriga, pronto para fazer qualquer mal” , Wilton Louzeiro, motorista da empresa Primor, da linha Fé em Deus. ( Wilton de Jesus)
Números
400 é a quantidade de assaltos a coletivos registrados na capital maranhense, somente este ano
366 ocorrências do gênero foram registradas na cidade, em todo o ano passado
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