terça-feira, 12 de dezembro de 2017

TESTE, NÃO FEITO, PODERIA TER EVITADO VAZAMENTO DE ADUTORA

População de São Luís e Bacabeira estão sofrendo com a falta d'água 
O presidente da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema), Carlos Rogério Santos Araújo, assumiu ontem, em entrevista à imprensa, que não foram realizados testes importantes para verificar o funcionamento do Sistema Italuís, responsável pelo abastecimento de grande parte de São Luís. A rede foi desligada para que fosse feita a ligação da nova adutora ao sistema, mas quando isso aconteceu houve um enorme vazamento na área de Periz de Baixo, deixando moradores desabastecidos por mais tempo do que estava previsto inicialmente. Foram seis dias sem água, causando transtornos e prejuízos à população.

A Caema convocou a imprensa para dar explicações à sociedade sobre o problema, que causou grande dificuldade a muita gente que depende do sistema de abastecimento para seguir nos afazeres do dia a dia.

Durante a entrevista, quando questionado se o erro da Caema teria sido por causa do novo sistema não ter sido testado, foi apurado e confirmado pelo presidente da companhia que um teste de extrema importância não havia sido realizado por, segundo ele, não ter dado tempo.

O teste que ficou pendente foi o hidrostático, um processo em que os componentes de um sistema, tais como tubos e vasos de pressão, são testados para a verificação de resistência e vazamentos, por meio do enchimento do equipamento com um líquido pressurizado.

Esse teste poderia ter detectado vazamentos na tubulação e evitaria que a capital maranhense ficasse sem água, mas deixou de ser realizado porque, segundo a Caema, a empresa responsável não teria chegado a tempo de fazê-lo.
Carlos Rogério Araújo garantiu que a água retornaria ainda ontem às casas dos ludovicenses. "Nós utilizaremos o sistema antigo ainda hoje (ontem), para que o abastecimento de água seja regularizado durante o tempo que ajustamos o Sistema Italuís", frisou.

E no meio da tarde a Caema lançou nota informando que os serviços de reparo no Sistema Italuís haviam sido finalizados ainda no período da manhã, para sanar os danos em peça da nova adutora - cuja causa será apurada por auditoria externa e inquérito policial. O bombeamento foi retomado, e o restabelecimento da água será gradativo nos bairros atendidos pelo sistema.

Entenda o caso
A falta de água em vários bairros da capital desde a última quarta-feira, 6, se deveu à mudança do sistema de abastecimento da cidade, com a troca de adutora. A Caema avisou previamente à população, por meio da imprensa e mídias sociais, que o fornecimento seria suspenso por 72 horas; no sábado, 9, às 6h, ele seria restabelecido.

Entretanto, por causa de um forte vazamento decorrente do fato de uma das peças, conhecida como "junta y", que fica no povoado Periz de Baixo, em Bacabeira, ter dado defeito, a cidade permaneceu sem água até ontem, 11. Desde então, engenheiros responsáveis pela obra e representantes do Governo do Estado têm atuado no sentido de encontrar soluções para o problema.

Prejuízos 
Muitas pessoas tiveram de buscar alternativas para manter sua casa abastecida, buscando poços pelos bairros, sobretudo os que não tiveram, como outros, condições para comprar água em caminhões-pipa ou água mineral, que tiveram venda intensificada nesse período.

Houve casos também de pessoas que não puderam trabalhar por causa da falta de água em casa. Os restaurantes da capital registraram grande movimentação no último fim de semana, já que muitas pessoas recorreram a eles por não ter água para preparar alimentos.


Com falta de água, moradores de bairros de São Luís tiveram de encher recipientes (Foto: Paulo Soares / O Estado)
Na manhã de ontem, O Estado ainda acompanhou grande movimentação de pessoas em busca de água com baldes, garrafões e bacias pelas ruas de vários bairros, como São Francisco, Centro, Madre Deus e Areinha. Até o meio-dia, o sistema ainda não havia sido normalizado.

A educação na capital também foi prejudicada pela situação e cerca de 61 escolas da rede pública tiveram suas aulas suspensas até que o abastecimento de água seja normalizado.

Previsões
Na entrevista coletiva, ontem, por várias vezes o presidente da Caema, assim como os representantes do consórcio responsável pelas obras, foram questionados sobre quando seria enfim utilizado o novo sistema de abastecimento da capital.

Entretanto, Carlos Rogério Araújo não deu nenhuma data exata para essa normalização. "Nós precisamos aguardar que seja concluído o laudo que apresentará os reais defeitos para que possamos decidir se haverá de ser feitas manutenções na peça que deu defeito ou se precisaremos fazer uma nova. A empresa que fez a peça já se colocou à disposição para fazer esses reparos", relatou.

Para a confecção da nova peça, será preciso investir um novo valor, que poderá ser mínimo, segundo a Caema. "O custo para construção de uma nova peça é relativamente barato, perto do prejuízo do fornecimento de água ser suspenso na cidade", disse Carlos Rogério Araújo, sem citar valores do custo, nem prazo para conclusão.

Outro questionamento apontado foi se a metodologia de abastecimento permanecerá da mesma maneira que é feito hoje, mesmo com o sistema novo, quando a água chega às torneiras em dias alternados, em sistema de rodízio.

Ele frisou que, apesar de haver um grande aumento do fornecimento de água, o sistema de rodízio ainda prevalecerá, com uma diferença: o tempo de espera das pessoas será reduzido. Aqueles que hoje ficam esperando cerca de 24 horas para ter água em casa, passarão a esperar apenas 12 horas ou até mesmo seis horas.

Cobrança
Órgãos de defesa do consumidor se manifestaram sobre o desabastecimento de água em São Luís, que causou vários prejuízos à população. Um deles foi o Procon, que solicitou respostas imediatas à Caema, quanto à solução do problema.

Na manhã de ontem, o órgão notificou a Caema para que, em até 48 horas, esclarecesse sobre os problemas no fornecimento de água em algumas regiões de São Luís. O Procon também notificou a empresa Memps e o consórcio executor, formado pela Edeconsil Construções e Locações, PB Construções e EIT Construções, para que, em até cinco dias, apresentem todos os testes de segurança e confiabilidade da nova adutora.

A Defensoria Pública do Maranhão (DPE) também se pronunciou na cobrança por esclarecimentos dos motivos da suspensão do fornecimento; o total de unidades atingidas pelo problema; a data em que o serviço estará 100% regularizado e que a Caema abata na fatura dos consumidores os dias de prejuízo à sociedade.

SAIBA MAIS
As obras na adutora do sistema Italuís dizem respeito à substituição de 19km de tubulação de 1.200mm de diâmetro em ferro, por uma em aço patinável de 1.40mm. A instalação da nova adutora garante incremento de 500 litros por segundo a mais na vazão atual do Sistema Italuís, beneficiando 600 mil pessoas.
TESTE HIDROSTÁTICO
O teste hidrostático, que deixou de ser feito na tubulação da nova adutora, serve para identificar:
- Falhas existentes no material (de tubulações, extintores, vasos de pressão, caldeiras e mangueiras)
- Corrosão sob tensão e propriedades mecânicas reais
- Pontos duros que podem causar falha na presença de hidrogênio

** O teste hidrostático pode ser usado para examinar diversos tipos de equipamento, incluindo oleodutos, extintores de incêndio, vasos de pressão, caldeiras, mangueiras de incêndio e cilindros de gás.

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